Alexander Dargomyzhsky – Romance, transcrição de V. Sarenko

Alexander Dargomyzhsky (1813-1869) – Romance “Юноша и дева”(O jovem e a donzela), poema de Pushkin. Transcrito para guitarra russa de sete cordas por Vasily Sarenko (1814-1881)

Partitura – Romance (Dargomyzhsky/Sarenko)

“À un jeune homme, pleurant amèrement,
Une jeune fille se plaint.
Penché sur son épaule
Le jeune homme soudain s’endort.La jeune fille se tait brusquement,
Chérissant son sommeil léger,
Et lui sourit
Versant des larmes silencieuses.”Alexander Pushkin

Andrei Sychra – Variações sobre um tema popular

A Guitarra Russa de sete cordas tem um repertório próprio e riquíssimo desde o início do séc. XIX. Devido à sua afinação em sol maior possui um timbre característico. O repertório para este instrumento, pouco conhecido pela generalidade dos guitarristas ocidentais, nem sempre é possível de ser tocado numa guitarra convencional, a não ser com um elevado esforço ou sobretudo com a mutilação da sua ressonância característica. Decidi confundir dedos e neurónios e aprender a tocar numa afinação diferente. Deixo-vos umas pequenas variações do patriarca da guitarra russa, Sychra.

Andrei Sychra (Vilnius, 1773 – São Petersburgo,1850) – Variações sobre um tema popular ( “Как иэ-эа леса, лесочка”)

Partitura

Antoine de Lhoyer – Andante poco Adagio

Antoine de Lhoyer (1768, Clermont-Ferrand – 1852, Paris) – Andante poco Adagio op. 43 n°13, extraído do “Divertissement pour la Guitare op.43”

Antoine de Lhoyer, compositor e guitarrista francês, abraçou a vida militar, mas a Revolução Francesa obrigou-o ao exílio em 1791, já que era um monárquico convicto. Combateu as tropas revolucionárias, com o Armée des Princes e com outras unidades militares leais ao Rei. Com o esmorecer da causa real, desmobiliza-se, e em 1800 fixa-se em Hamburgo, cidade para onde convergiram aristocratas fugidos à Revolução, e que faziam da cidade um ambiente propício para o seu trabalho como músico e professor. De Hamburgo parte em 1803 para São Petersburgo, contratado pela corte russa onde permanece até 1812, regressando a Paris, ainda com Napoleão no poder. Com a restauração da monarquia, recupera provisoriamente o seu estatuto militar. Com as reviravoltas da situação política e social francesa, emigra com a família para Argel em 1836, regressando a Paris pouco tempo antes da sua morte em 1852.
A sua obra musical, resgatada do esquecimento por investigadores como Mantanya Ophée e Erik Stenstadvold, constitui um expoente da música de câmara com guitarra da primeira metade do séc XIX.

Este Andante faz parte do seu “Divertimento op.43” publicado em Paris no ano de 1826.

Rui Namora, guitarra romântica séc. XIX (Jean Français, Lille 1828)

(Jean Français | Mirecourt, 1793-Lille, 1876)

Antoine de Lhoyer – Allemande

Antoine de Lhoyer (1768, Clermont-Ferrand – 1852, Paris) – Allemande op. 43 n°11, extraído do “Divertissement pour la Guitare op.43”

Antoine de Lhoyer, compositor e guitarrista francês, abraçou a vida militar, mas a Revolução Francesa obrigou-o ao exílio em 1791, já que era um monárquico convicto. Combateu as tropas revolucionárias, com o Armée des Princes e com outras unidades militares de leais ao Rei. Com o esmorecer da causa real, desmobiliza-se, e em 1800 fixa-se em Hamburgo, cidade para onde convergiram aristocratas fugidos à Revolução, e que faziam da cidade um ambiente propício para o seu trabalho como músico e professor. De Hamburgo parte em 1803 para São Petersburgo, contratado pela corte russa onde permanece até 1812, regressando a Paris, ainda com Napoleão no poder. Com a restauração da monarquia, recupera provisoriamente o seu estatuto militar. Com as reviravoltas da situação política e social francesa, emigra com a família para Argel em 1836, regressando a Paris pouco tempo antes da sua morte em 1852.
A sua obra musical, resgatada do esquecimento por investigadores como Mantanya Ophée e Erik Stenstadvold, constitui um expoente da música de câmara com guitarra da primeira metade do séc XIX.
Esta pequena Allemande faz parte do seu “Divertimento op.43” publicado em Paris no ano de 1826.

Rui Namora, guitarra romântica séc. XIX (construtor desconhecido)

Slavko Fumić – Nocturno

Os irmãos croatas Slavko e Rudolf Fumić eram inspirados músicos amadores. Slavko, nascido em 1912 em Zagreb, trabalhou na Companhia de Eléctricos da sua cidade natal, onde para além do seu trabalho como guarda-freios e escriturário, também dirigia uma orquestra de guitarras e bandolins de funcionários da empresa. O seu irmão Rudolf (nascido em 1915) trabalhou como técnico de rádio e funcionário bancário. Desde a infância foram rodeados de música pelos seus pais, ambos tipógrafos. Verdadeirmamente apaixonados pela arte, tiveram uma preenchida vida musical, dando concertos, tanto ao vivo como na rádio, compondo e publicando os seus arranjos.

Ambos morreram em prisões políticas no seu país, decorrentes da instabilidade social e política criada no país pela Segunda Guerra Mundial. Slavko faleceu em 1944 em Lepoglava e Rudolf em 1951 na ilha de Goli.

Algumas das suas obras circularam durante décadas entre guitarristas croatas, sendo as mais famosas a Mala Melodija (pequena melodia) e o Nocturno, ambas de Slavko. O influente guitarrista e professor croata Darko Petrinjak publicou em 2007 a obra conhecida dos irmãos Fumić, consolidando as diversas cópias de manuscritos e transcrições de gravações dos próprios compositores.

Pedro Ximénez de Abrill-Tirado

Pedro Ximénez de Abrill-Tirado (1780 ?, Arequipa, Peru – 1856, Sucre, Bolivia) – Minueto n°8 em ré menor, dos  “100 Minuetos”

Publicado em 1844, Paris (Parent & Cie.)

Pedro Ximénez de Abrill-Tirado,  nascido no Peru,  foi um compositor, guitarrista, violoncelista e mestre de capela. A sua obra musical, de estilo clássico, inclui sinfonias, concertos, missas, quartetos de cordas e canções para voz e piano. Para além dos “100 Minuetos”(partitura Minuetos 41-50), outras das suas obras para guitarra que chegaram aos nossos dias foram Mis pasatiempos al pie del Volcan (partitura) e o Divertimento op.43, para guitarra, duas flautas e quarteto de cordas(partitura).

Rui Namora – Guitarra romântica (luthier desconhecido)

 

Marco Aurelio Zani de Ferranti – Exercice op.50 n°10

Marco Aurelio Zani de Ferranti (Bologna, 1801 – Pisa, 1878)
Exercice n° 10, dos 44 Exercices op.50

Publicado por Carli, Paris ca.1828

Rui Namora – Guitarra Romântica de 8 cordas (Jan Tuláček), réplica de J.A. Stauffer (1837)

Ernest Shand (1868-1924) – Songes d’été op.95

Ernest Shand, músico inglês nascido em 1868, foi o primeiro britânico a alcançar notoriedade como guitarrista, no trilho de virtuosos estrangeiros como Giulio Regondi, Leonard Schulz, Felix Horetzky ou Catherina Pelzer. Viveu numa época de declínio da popularidade do instrumento e por isso, não conseguiu viver profissionalmente como guitarrista. Ao invés, teve uma muito bem sucedida carreira como cantor e actor de music-hall.
A sua música para guitarra reflecte o gosto da sua época pela melodia sentimental e pungente e é constituída maioritariamente por piéces de genre, valsas, mazurkas ou polkas. Apesar do carácter ligeiro destas peças, foi o primeiro compositor britânico a compor um concerto para guitarra e quarteto de cordas, e autor do mais extenso e consistente método para o instrumento concebido, à época, no seu país (Improved Method for the guitar op.100)

Songes d’Été (Sonhos de Verão) é uma peça que encerra todo o lirismo e o sentimentalismo característicos da música de salão da época. Dividida em duas partes, contrapõe a leveza de uma valsa (quiçá de um baile…), à nostalgia de um Verão que, inexoravelmente, desvanecerá. Tal como os seus amores.