Antonio Jimenéz Manjón – Prelúdio em Lá (ESTUDO nº15)

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Antonio Jiménez Manjón foi um guitarrista e compositor espanhol nascido em 1866 na cidade andaluza de Villacarrillo, Jaén. Cego desde a pequena infância, começou sua carreira musical aos doze anos, apresentando-se em recitais em Espanha e em Portugal. No nosso país, tocou para o rei D.Fernando II, marido de D. Maria II, conhecido pelo seu apoio às Artes.

(*Em 1854, Ferdinand von Sachsen-Coburg-Koháry havia recebido outro virtuoso espanhol, Trinidad Huerta, a quem este dedicou a Fantaisia “Souvenir de Cintra”)

Logo depois, o jovem Antonio viajou sozinho e com pouco dinheiro para Paris, onde estudou violino no Conservatório enquanto prosseguia a sua carreira guitarrística. Músicos como Gounod, Saint-Saëns e Sarasate faziam parte do seu círculo.
Em 1887, Manjón retorna ao seu país natal tendo convidado pelos monarcas espanhóis a apresentar-se em concerto no Palácio Real. Durante esses anos, viajou pela Europa com sua guitarra Torres de onze cordas. Em 1890 passa pelo Porto, Coimbra e Lisboa, tendo sido os seus concertos com a sua mulher, a exímia pianista Rafaela Salazar, divulgados nos jornais portugueses.


Em 1893, Manjón cruzou o Atlântico para as Américas, estabelecendo-se finalmente em Buenos Aires em 1902, após digressões em vários países da América do Sul. Voltará uma última vez à Europa para uma digressão nos anos de 1912 e 1913.
Na Argentina, fundou um conservatório e publicou a sua obra “Escuela de Guitarra“.
Antonio Jiménez Manjón faleceu em 1919 em Buenos Aires.


A sua obra foi redescoberta nos anos 90, com a publicação de algumas das suas obras, tanto em formato facmisile (por Brian Jeffery, Tecla éditions), como em publicações inéditas a partir de manuscritos (Alan Rinehart, Chanterelle). Algumas das suas obras mais interessantes e conhecidas como “Leyenda” e “Aire Vasco“, foram gravadas por guitarristas de referência, como David Russell ou Raphaela Smits, contribuindo enormemente para a divulgação da sua música.

Euleuterio F. Tiscornia

Uma das fonte dos manuscritos das obras de Manjón é a colecção de Robert Spencer, da Royal Academy of Music de Londres, que foram adquiridos à família do colecionador argentino Eleuterio F. Tiscornia (1879-1945), seu discípulo.

Catálogo da colecção de Tiscornia

Este bonito prelúdio, originalmente composto para a guitarra de 11 cordas (7+4 flutuantes) que Manjón utilizava, é praticamente desconhecido nos dias de hoje. Eu próprio descobri-o só há poucos anos através de um video de 2011, gravado pela guitarrista Radmila Besic. Contactei a Biblioteca da Royal Academy of Music de Londres, onde se encontra a colecção de Robert Spencer/Tiscornia, e solicitei uma cópia de um manuscrito de um prelúdio, que eu esperava ser este. Hélas, non. Era outro, em Ré maior, que decidi estudar e fazer uma edição, disponível para descarga gratuita aqui, ou no imslp.org. Este prelúdio contrasta um andamento moderado, lírico, como uma romanza, com uma segunda parte absolutamente diabólica, com escalas cromáticas e acordes repetidos e nervosos e um uso dramático das cordas graves.

Contactei enfim a Radmila Besíc para tentar obter a partitura, mas esta já não a tinha em sua posse, porque estaria prevista uma nova edição desta e de outras obras de Manjón, pelo que teve de a devolver logo após o concerto. Esta edição, não se concretizou, pelo menos até agora. Tentei então, a partir do video do seu concerto, transcrever este prelúdio. Curiosamente, poucas semanas depois de terminar a transcrição, encontrei o segundo volume da Escuela de Guitarra e onde jazia a partitura tão ansiada. A minha transcrição estava, de um modo geral fiel ao original, mas com um ou outro pormenor em falta, como as indicações de dinâmica ou expressão, ou algumas vozes interiores. Tal como noutros manuscritos para a guitarra de onze cordas, Manjón usa duas claves para a notação.

Afinação de Jiménez Manjón

Embora tenha sido composto como um estudo para este instrumento, este arranjo para a guitarra de 6 cordas não deixa de capturar a sua beleza original. A versão para 7 cordas não faz quaisquer compromissos em relação original, sendo preservados todos os baixos originais.

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Fernando Sor – Andante largo op.5 nº5

Uma das peças mais conhecidas de Fernando Sor (Barcelona, 1778 – Paris, 1838) é o seu Andante largo. Incluído nas suas Six Petites Pièces très faciles pour la guitare, op.5. Permitam-me discordar do Señor Sor em relação ao subtítulo très faciles…

Tocada numa guitarra romântica francesa (Jean Français, Lille, 1828)

Partitura – Andante Largo, F.Sor

Anton Diabelli – Andante Sostenuto

Anton Diabelli (1776-1858) foi uma figura central no panorama musical vienense na primeira metade do século XIX. Guitarrista, pianista, compositor e sobretudo um influente editor, ficou conhecido como sendo o autor do tema das Variações op. 120 de Beethoven, ou as célebres Variações Diabelli.

Entre a sua produção para guitarra (obras didácticas, variações, prelúdios, música de câmara), compôs três sonatas, op.29. A terceira, na tonalidade pouco usual de Fá maior, tem como andamento central um Adagio sostenuto, influenciado pela tradição haydniana, à semelhança dos seus contemporâneos Matiegka ou Giuliani.

Guitarra romântica (Pierre Marcard, Mirecourt, circa 1830)

 

Anton Diabelli – Andante sostenuto (Sonata op.29 nº3)

 

 

Victor Magnien – Andante op.17 nº1

Victor Magnien (Épinal, 1822 – Lille1885) – Andante op.17 nº1, dos “Six Andantes op.17 pour la Guitare” dedicados ao seu aluno Louis Kastner

Victor Magnien, nascido na região francesa de Vosges, foi guitarrista e violinista. Aluno de Carulli e Kreutzer, compôs solo e música de câmara para guitarra, concertos para violino, peças para piano, órgão e musica litúrgica
. Professor respeitado, Magnien publicou um tratado de Teoria Musical para ser usado pelo Sistema de Educação Imperial. Em 1846, foi nomeado director do Conservatório Imperial de Música em Lille.

Rui Namora – guitarra romântica de 8 cordas (Jan Tuláček), réplica de J.A. Stauffer (1837)

Antoine de Lhoyer – Andante poco Adagio

Antoine de Lhoyer (1768, Clermont-Ferrand – 1852, Paris) – Andante poco Adagio op. 43 n°13, extraído do “Divertissement pour la Guitare op.43”

Antoine de Lhoyer, compositor e guitarrista francês, abraçou a vida militar, mas a Revolução Francesa obrigou-o ao exílio em 1791, já que era um monárquico convicto. Combateu as tropas revolucionárias, com o Armée des Princes e com outras unidades militares leais ao Rei. Com o esmorecer da causa real, desmobiliza-se, e em 1800 fixa-se em Hamburgo, cidade para onde convergiram aristocratas fugidos à Revolução, e que faziam da cidade um ambiente propício para o seu trabalho como músico e professor. De Hamburgo parte em 1803 para São Petersburgo, contratado pela corte russa onde permanece até 1812, regressando a Paris, ainda com Napoleão no poder. Com a restauração da monarquia, recupera provisoriamente o seu estatuto militar. Com as reviravoltas da situação política e social francesa, emigra com a família para Argel em 1836, regressando a Paris pouco tempo antes da sua morte em 1852.
A sua obra musical, resgatada do esquecimento por investigadores como Mantanya Ophée e Erik Stenstadvold, constitui um expoente da música de câmara com guitarra da primeira metade do séc XIX.

Este Andante faz parte do seu “Divertimento op.43” publicado em Paris no ano de 1826.

Rui Namora, guitarra romântica séc. XIX (Jean Français, Lille 1828)

(Jean Français | Mirecourt, 1793-Lille, 1876)

Antoine de Lhoyer – Allemande

Antoine de Lhoyer (1768, Clermont-Ferrand – 1852, Paris) – Allemande op. 43 n°11, extraído do “Divertissement pour la Guitare op.43”

Antoine de Lhoyer, compositor e guitarrista francês, abraçou a vida militar, mas a Revolução Francesa obrigou-o ao exílio em 1791, já que era um monárquico convicto. Combateu as tropas revolucionárias, com o Armée des Princes e com outras unidades militares de leais ao Rei. Com o esmorecer da causa real, desmobiliza-se, e em 1800 fixa-se em Hamburgo, cidade para onde convergiram aristocratas fugidos à Revolução, e que faziam da cidade um ambiente propício para o seu trabalho como músico e professor. De Hamburgo parte em 1803 para São Petersburgo, contratado pela corte russa onde permanece até 1812, regressando a Paris, ainda com Napoleão no poder. Com a restauração da monarquia, recupera provisoriamente o seu estatuto militar. Com as reviravoltas da situação política e social francesa, emigra com a família para Argel em 1836, regressando a Paris pouco tempo antes da sua morte em 1852.
A sua obra musical, resgatada do esquecimento por investigadores como Mantanya Ophée e Erik Stenstadvold, constitui um expoente da música de câmara com guitarra da primeira metade do séc XIX.
Esta pequena Allemande faz parte do seu “Divertimento op.43” publicado em Paris no ano de 1826.

Rui Namora, guitarra romântica séc. XIX (construtor desconhecido)

Marco Aurelio Zani de Ferranti – Exercice op.50 n°10

Marco Aurelio Zani de Ferranti (Bologna, 1801 – Pisa, 1878)
Exercice n° 10, dos 44 Exercices op.50

Publicado por Carli, Paris ca.1828

Rui Namora – Guitarra Romântica de 8 cordas (Jan Tuláček), réplica de J.A. Stauffer (1837)

Vasily Sarenko – Étude nº3

Vasily Sarenko – Étude nº3

Rui Namora – 8-string Romantic Guitar (Jan Tuláček), after J.A. Stauffer (1837)

Score available in Boije Collection (stated as Étude No.1)
http://bit.ly/1mtFYxv

and in Editions Orphée (The Russian Collection, volume I)