Três obras de Napoléon Coste

De Napoléon Coste (1805-1883), compositor e guitarrista francês, três das suas peças. Dois dos seus estudos op.38, e “Le Zuiderzée op.20”, da série Souvenirs – Sept Morceaux Episodiques. O prelúdio inquieto desta peça lembra as inundações provocadas pelas tempestades no mar dos Países Baixos e que contrasta com o carácter alegre de danças populares. Ou que a tempestade precede a bonança, num ciclo eterno.

Nikolai Alexandrov – Exercice nº10 em Si menor

Continuando a descobrir a beleza escondida do riquíssimo repertório da guitarra russa de sete cordas, eis um pequeno estudo de Nikolai Ivanovich Alexandrov/Николай Иванович Александров (1818-1885) (1884 no calendário juliano).
Extraído do seu caderno de exercícios e prelúdios, o nº10 em si menor.

Partitura aqui

Partitura

Fernando Sor – Andante largo op.5 nº5

Uma das peças mais conhecidas de Fernando Sor (Barcelona, 1778 – Paris, 1838) é o seu Andante largo. Incluído nas suas Six Petites Pièces très faciles pour la guitare, op.5. Permitam-me discordar do Señor Sor em relação ao subtítulo très faciles…

Tocada numa guitarra romântica francesa (Jean Français, Lille, 1828)

Partitura – Andante Largo, F.Sor

Nikolai Alexandrov – Coração (romance russo)

Continuando a descobrir a beleza escondida do riquíssimo repertório da guitarra russa de sete cordas, eis um pequeno romance de Nikolai Ivanovich Alexandrov/Николай Иванович Александров (1818-1885) (1884 no calendário juliano).
Extraído do seu Álbum de Romances Russos, “Coração” (сердце)

Partitura

The Entertainer, de Scott Joplin (1868-1915)

The Entertainer, de Scott Joplin

The Entertainer (a ragtime two step) é uma música velhinha, daquelas que ficam obsessivamente no ouvido, e que são, como diria Oliver Sacks, um verme auditivo. Na juventude, toquei um arranjo simples e bastante incompleto desta música, para deleite de alguns amigos (especialmente do F.V).

Frontispício da edição original (Saint Louis, 1902)

Há algumas semanas, o algoritmo do YouTube levou-me a este descontraído video de Richard Smith e Tommy Emmanuel. Se Tommy não toca neste video, a sua presença vale pela sua alegria durante e depois da performance.

Mais uma vez, o carácter viciante desta peça não me largou durante uns dias. Decidi então fazer um arranjo a partir do original para piano. A tonalidade original (em Dó) não se adapta bem à guitarra, e tal como Richard Smith, optei pela tonalidade de Ré para o arranjo, mantendo, tanto quanto a tessitura da guitarra o permite, as características do original. Em breve, farei uma gravação.

Não é propriamente uma peça típica do repertório clássico-romântico a que me tenho dedicado nos últimos anos, mas o carácter divertido da peça recorda-me tempos mais ingénuos.

Entretanto, para quem queira experimentar, o arranjo está disponível nas plataformas de venda de partituras Scorexchange, Sheetmusicplus e MusicaNeo, ou ainda em formato Kindle na Amazon.

Antoine de Lhoyer – Andante poco Adagio

Antoine de Lhoyer (1768, Clermont-Ferrand – 1852, Paris) – Andante poco Adagio op. 43 n°13, extraído do “Divertissement pour la Guitare op.43”

Antoine de Lhoyer, compositor e guitarrista francês, abraçou a vida militar, mas a Revolução Francesa obrigou-o ao exílio em 1791, já que era um monárquico convicto. Combateu as tropas revolucionárias, com o Armée des Princes e com outras unidades militares leais ao Rei. Com o esmorecer da causa real, desmobiliza-se, e em 1800 fixa-se em Hamburgo, cidade para onde convergiram aristocratas fugidos à Revolução, e que faziam da cidade um ambiente propício para o seu trabalho como músico e professor. De Hamburgo parte em 1803 para São Petersburgo, contratado pela corte russa onde permanece até 1812, regressando a Paris, ainda com Napoleão no poder. Com a restauração da monarquia, recupera provisoriamente o seu estatuto militar. Com as reviravoltas da situação política e social francesa, emigra com a família para Argel em 1836, regressando a Paris pouco tempo antes da sua morte em 1852.
A sua obra musical, resgatada do esquecimento por investigadores como Mantanya Ophée e Erik Stenstadvold, constitui um expoente da música de câmara com guitarra da primeira metade do séc XIX.

Este Andante faz parte do seu “Divertimento op.43” publicado em Paris no ano de 1826.

Rui Namora, guitarra romântica séc. XIX (Jean Français, Lille 1828)

(Jean Français | Mirecourt, 1793-Lille, 1876)

Antoine de Lhoyer – Allemande

Antoine de Lhoyer (1768, Clermont-Ferrand – 1852, Paris) – Allemande op. 43 n°11, extraído do “Divertissement pour la Guitare op.43”

Antoine de Lhoyer, compositor e guitarrista francês, abraçou a vida militar, mas a Revolução Francesa obrigou-o ao exílio em 1791, já que era um monárquico convicto. Combateu as tropas revolucionárias, com o Armée des Princes e com outras unidades militares de leais ao Rei. Com o esmorecer da causa real, desmobiliza-se, e em 1800 fixa-se em Hamburgo, cidade para onde convergiram aristocratas fugidos à Revolução, e que faziam da cidade um ambiente propício para o seu trabalho como músico e professor. De Hamburgo parte em 1803 para São Petersburgo, contratado pela corte russa onde permanece até 1812, regressando a Paris, ainda com Napoleão no poder. Com a restauração da monarquia, recupera provisoriamente o seu estatuto militar. Com as reviravoltas da situação política e social francesa, emigra com a família para Argel em 1836, regressando a Paris pouco tempo antes da sua morte em 1852.
A sua obra musical, resgatada do esquecimento por investigadores como Mantanya Ophée e Erik Stenstadvold, constitui um expoente da música de câmara com guitarra da primeira metade do séc XIX.
Esta pequena Allemande faz parte do seu “Divertimento op.43” publicado em Paris no ano de 1826.

Rui Namora, guitarra romântica séc. XIX (construtor desconhecido)

suiTUs de Ricardo Abreu, na Doberman-Yppan

Acaba de ser publicado na editora canadiana Doberman-Yppan, a obra SuiTUs do meu amigo Ricardo Abreu. Nas suas palavras, SuiTUs poderá ser imaginada como um pequeno filme em forma de música.

Obra elegante e exigente, só poderia ter sido escrita por um guitarrista inspirado, metódico e sofisticado como o Ricardo. Dotado de uma sólida e consistente técnica instrumental, consegue articular o processo de composição-improvisação com o fraseio, a ressonância, o ambiente harmónico fluido e sobretudo, a atenção a detalhes expressivos quase filigrânicos.

Enquanto seu colega, tive a sorte de ir ouvindo excertos da obra pelas suas próprias mãos, em momentos descontraídos de conversa com guitarra à mistura. Depois de estreada em 2013, pude-a apreciar finalmente como um todo pelo incontornável e exímio Dejan Ivanovich.

Acompanhei com expectactiva os avanços, pausas e recuos no longo processo de publicação, sobretudo para que, num prazer quase egoísta, a pudesse vir a tocar também, finalmente.

https://www.productionsdoz.com/wp-content/uploads/2018/01/DO1151cover-1.jpg

Partitura disponível para compra aqui

Estreia de SuiTUs, por Dejan Ivanovich